Nova Cartografia Social Da Amazônia

A GARANTIA DOS DIREITOS TERRITORIAIS DA FAMÍLIA KARAPÃNA


Segundo diversos agentes sociais que testemunharam in locu a ordem dos fatos, que a seguir estaremos apresentando, na manhã do dia 19 de julho de 2017 pedreiros da empresa SUPLEX Serviços de Manutenção de Equipamentos de Refrigeração LTDA-EPP pertencente ao Sr. Douglas Araújo de Freitas, acompanhados de dois capangas, entraram ilegalmente num terreno pertencente à área indígena da Comunidade Yupirunga para construir no local um muro de aproximadamente 60 metros de extensão, bloqueando a entrada e a saída dos indígenas desta comunidade. Nas falas de Maria Alice Karapãna moradora da comunidade Yupirunga, ela relata com pormenor o tipo de violência “simbólica” cometida pela SUPLEX:

Eu fui lá explicar para eles que aqui é uma área indígena federal […] Após mostrar os documentos para os capangas, eles falaram que os documentos eram falsos e iriam continuar com a construção do muro, pois era a ordem do Sr. Douglas Costa. Informaram que ele tinha comprado o terreno e por volta de 9:30h o suposto dono (Douglas Costa) chamou a polícia. Eu já havia mandado mensagem para o Ministério Público Federal pedindo ajuda e relatando que havia policiais civis e militares, escoltando a obra do Sr. Douglas Costa. A fala da polícia foi que “eles tinham que construir, que eles têm que construir porque o terreno é dele, a senhora tem que deixar eles construir”. Eu alertei a eles que o terreno estava sob processo judicial, ou seja, processo n. 0012996-48.2012.4.01.3200 AÇÃO DE USUCAPIÃO (CONSTITUCIONAL RURAL/INDÍGENA/EXTRAORDINÁRIO). Eles alertaram que era para eu procurar um advogado para entrar com uma liminar para embargar a construção. Eu fiquei esperando eles saírem da rua de casa (eles permaneceram no local das 9:30 até 13:30h) foi quando eu consegui sair de casa para fazer o B.O no 20º DIP, chegando lá o escrivão se negou a fazer o B.O, alegando que não tinham derrubado nada, não tinham tocado fogo na minha casa, não tinham me agredido e que era para eu procurar a Corregedoria. Isso por volta das 14:00 da tarde, foi quando o MPF iria fazer uma visita na área do conflito. Ele viu o que realmente estava acontecendo lá, as colunas sendo erguidas, os capangas acompanhando a obra e falaram com o suposto Dono por telefone, mesmo assim eles falaram que iriam continuar com a obra, erguendo a muralha dele e depois de 15 dias nós conseguimos derrubar com a ajuda da Nova Cartografia, da MPF e da FUNAI. Gostaríamos de registrar nosso histórico de luta e resistência, que acreditamos na justiça, que ainda existe gente boa nesse mundo para nos ajudar a manter a posse dos nossos territórios, assegurando nossa cultura e nossa tradição”.

Processo de construção do muro (Levantamento das vigas)

Concretagem das Sapatas do Muro

Derrubada de plantas frutíferas para a construção do muro

Viatura disponibilizada pela secretaria de segurança para a escolta privada da Empresa SUPLEX na construção do muro

Pedreiros contratados pela empresa SUPLEX construindo o muro

Derrubada de plantas e corte de raízes de árvores para o levantamento do muro, mesmo com a placa alertando que não poderiam entrar sem permissão

Processo de levantamento do muro

Concretagem das colunas

Muro já rebocado

Muro próximo ao rio, dentro dos limites de Área de Preservação Permanente

Pedreiros limpando a área após o mandado da Juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe de reintegração e manutenção de posse

Entulho da construção próximo ao rio

Entulho da construção próximo ao rio

Entulho da construção após a derrubada do muro

Cicatriz do ato de violência cometida na Terra na Comunidade Yupirunga

Nota de divulgação da ordem dos fatos feito pelo Jornal acrítica, Manaus, quinta-feira, 3 de agosto de 2017

 

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