Entre os dias 22 e 24 de marco de 2017, um grupo de três quenianos: Samuel Owuor, professor, representante do Departamento de Geografia e Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Nairóbi; Hillary Ogina, comunicador, agente de projetos da ONG Kenya Land Alliance, sediada em Nakuru e JohannaWanjala, profissional de geoinformação, visitaram as comunidades quilombolas Camaputiua, Bela Vista e São Miguel dos Correias, ambas pertencentes ao território quilombola de Camaputiua, no município de Cajari. A visita faz parte de um conjunto de atividades no âmbito do Projeto “Cartografia Social e capacitação técnica de universitários e Movimentos Sociais no Quênia e no Brasil”, coordenado pelo Prof. Alfredo Wagner Berno de Almeida e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Politica da Amazônia – PPGCSPA da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.

Visita dos quenianos a comunidade quilombola São Miguel dos Correias

A programação organizada pelo nosso anfitrião sr. Ednaldo Padilha, conhecido como Cabeça, esteve orientada para atividades de pesquisa de campo e para o estabelecimento de diálogos e troca de experiências com agentes sociais das comunidades visitadas, principalmente em questões relacionadas a conflitos territoriais. Na Comunidade Camaputiua, os quenianos visitaram a associação de moradores e a fábrica de mesocarpo, ocasião em que as quebradeiras de coco babaçu Dona Maria Antônia Santos, Dona Socorro Santos e Dona Maria Anunciação, demonstraram como é realizado o processo de extração do mesocarpo. Houve também uma reunião com os moradores da comunidade, em que se discutiram questões de gênero no Brasil e no Quênia e a apresentação do mapa do território quilombola de Camaputiua produzido com o apoio do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia.

Visita dos quenianos a comunidade quilombola Bela Vista

Nas comunidades Bela Vista e São Miguel dos Correias, além da troca de experiências, ocorreu a plantação de mudas de plantas pelos quenianos, que sugeriam que a comunidade escolhesse uma criança para adotar a planta, e que se mantivesse em contato com eles a respeito de seu crescimento e desenvolvimento. Outras mudas foram plantadas, ficando sob os cuidados da comunidade, ou da escola, como em São Miguel dos Correias.

Comunidade quilombola Bela Vista

Neste período, os quenianos ouviram vários relatos sobre os conflitos vividos pelas comunidades, sejam eles referidos a questões territoriais – relacionados à criação de búfalos nos campos naturais do território -, sejam referidos às dificuldades enfrentadas na educação escolar, conquanto em duas comunidades visitadas, Camaputiua e Bela Vista, as escolas ainda não iniciaram o ano letivo. Em Camaputiua, os moradores demandam uma educação diferenciada, com maior participação da comunidade na escola e o respeito à identidade étnica quilombola.

Plantação de mudas de plantas na comunidade quilombola Bela Vista

As visitas também foram acompanhadas pela professora Sheilla Dourado, pesquisadora do Nova Cartografia Social e pelas alunas de graduação da UEMA, Andressa Azevedo, Cristina da Costa Bezerra e Karliane Sousa.

Embarcação utilizada para deslocamentos da equipe para as comunidades