Nova Cartografia Social Da Amazônia

Jornadas de Cartografia Social realizada com os visitantes Quenianos no Pará


Durante os dias 24 a 28 de outubro de 2015  o Núcleo Pará do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia  recebeu os visitantes Quenianos,  senhores Paul Chepsoi, representante do povo Endorois da região do Lago Bogoria, em Baringo. Vice presidente e gerente de projetos do Conselho Endorois intitulado EWC (Endorois Welfare Council); Desmond Tutu, egresso da Faculdade de Direito da Universidade de Nairobi, orientado pela Prof. Dra. Patricia Mbote;  Hillary Ogina, Comunicador, agente de projetos da ONG Kenya Land Alliance, sediada em Nakuru e Oliver Ogembo: geógrafo, professor, representante do Departamento de Geografia e Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Nairobi. A programação esteve orientada para atividades de campo,  realizando visita e estabelecendo dialogos com agentes sociais,  associações e organizações e a agenda finalizou com um dia de trabalho na Universidade Federal do Pará.

         No quilombo do Abacatal, município de Ananindeua  o trabalho consistiu em uma exposição detalhada do conflito socioambiental e as formas de resistência do grupo.   No dia 25 de outubro foi entregue à direção da Associação o mapa com o título:  “Impactos na zona de Amortecimento do Quilombo do Abacatal”  e  o  dossiê:  “Quilombo   de   Abacatal,  Ananindeua – Pará:   direitos territoriais e conflito socioambiental”,  ambos produtos da solicitação de estudo feita ao PNCSA  e executado por Rosa Acevedo e Thiago Alan Guedes Sabino.  A exposição e debate  se prolongou durante três horas e depois o grupo se dirigiu até  o “Caminho das Pedras”.  Os  visitantes quenianos fizeram observações sobre situações semelhantes no pais africano.

Membros da Associação e  os pesquisadores realizam a exposição detalhada sobre o conflito socioambiental para os visitantes quenianos.  (Foto:  Rosa Acevedo)

Membros da Associação e os pesquisadores realizam a exposição detalhada sobre o conflito socioambiental para os visitantes quenianos. (Foto: Rosa Acevedo)

Recorrido feito pelo grupo até o caminho das Pedras de Abacatal  (Foto Thiago Sabino)

Recorrido feito pelo grupo até o caminho das Pedras de Abacatal (Foto Thiago Sabino)

De esquerda a direita:  Olivier, Rosa, Rosane, Desmond, Raimundo,  Paul Chepsoy, Maria Santana,  Érica,   Alonso, Maria,  Hilary e Thiago Alan.  (Foto Ruben Acevedo)

De esquerda a direita: Olivier, Rosa, Rosane, Desmond, Raimundo, Paul Chepsoy, Maria Santana, Érica, Alonso, Maria, Hilary e Thiago Alan. (Foto Ruben Acevedo)

A segunda parte  da  programação do dia 25 de outubro de 2015  consistiu em uma reunião com os Povos de Terreiro de Belém  e  com a Associação dos Indígenas  da Área Metrolitana de Belém (AIAMBE).  Nesse encontro estiveram 23 pessoas  e  foi feita uma exposição por lideranças desses movimentos  de suas lutas e  reivindicações. A Mãe Nangetu  – Conselheira de Cultura,  e o Pai Luis Tayandô  expuseram os trabalhos de Cartografia Social desenvolvidos com povos de Terreiro.  No debate sobre as lutas e reivindicações territoriais  de indígenas e povos de terreiro  apontaram-se os dispositivos legais que representam retrocesso nas suas conquistas de direito, a exemplo da PEC 215.

A Mãe Nangetu,  iniciou a reunião,  informando sobre a intolerância religiosa.  (Foto Rosa Acevedo)

A Mãe Nangetu, iniciou a reunião, informando sobre a intolerância religiosa. (Foto Rosa Acevedo)

O Pai Luis Tayandô  destacou  o segundo trabalho realizado com os afrorreligiosos e que teve como produtos o livro  Cartografia Social dos afrorreligiosos em Belém do Pará.  Exemplares deste livro  e do mapa  foram doados aos visitantes.  (Foto Rosa Acevedo)

O Pai Luis Tayandô destacou o segundo trabalho realizado com os afrorreligiosos e que teve como produtos o livro Cartografia Social dos afrorreligiosos em Belém do Pará. Exemplares deste livro e do mapa foram doados aos visitantes. (Foto Rosa Acevedo)

O senhor Miguel Tembé, novo presidente da AIAMBE,  fez uso da palavra.  Ao seu lado direito, Roberta Kaba, Vice-Presidente;  do lado esquerdo o senhor Emilio Kaba Munduruku.  Em seguida se encontravam sentados os senhores  Hilary Ogina e  Desmond Tutu.  (Foto Rosa Acevedo)

O senhor Miguel Tembé, novo presidente da AIAMBE, fez uso da palavra. Ao seu lado direito, Roberta Kaba, Vice-Presidente; do lado esquerdo o senhor Emilio Kaba Munduruku. Em seguida se encontravam sentados os senhores Hilary Ogina e Desmond Tutu. (Foto Rosa Acevedo)

A reunião foi realizada no quintal do Terreiro da Mãe Nangetu.  (Foto  Ruben Acevedo)

A reunião foi realizada no quintal do Terreiro da Mãe Nangetu. (Foto Ruben Acevedo)

O quilombo de Itancoã está situado no baixo Acará, com acesso  desde Belém, descendo o rio Guamá,  atravessando o furo Bijogo  e  logo seguindo pelo rio Guajará.  No dia 26 de outubro de 2016  o grupo de visitantes  esteve em Itancoã,  graças a mediação realizada por Érica Monteiro –  da diretoria da MALUNGU.   Chegando a comunidade visitaram o Projeto de Plantio de Açaí.    A reunião se realizou na Escola Francisco Pinto e foi presidida pelo seu diretor  e  pelo senhor Francisco Araújo, presidente da Associação Remanescentes de Quilombo Filhos de Zumbi.  No ato,  Rosa  Acevedo  fez  a doação do livro  “Amazônia: Vozes do rio”, da profa.  Ana Pizarro (Universiade de Santiago, Chile) e do livro  “Patrimônio, Cultura e Territorialidade dos Quilombolas do Capim” de autoria de Rosa Acevedo, Eliana Ramos  e Fernando Marques.   O grupo assistiu ao filme o Areal (2006) do cineasta Sebastian Sepulveda.   Em seguida, os visitantes fizeram diversas perguntas, respondidas pelos membros da Associação.   No final da manhã, na casa da professora Antonia Lúcia Nascimento Holles   e  do senhor José  Maria Alves Monteiro foi feita a demonstração do amassamento em máquina  do açaí  e a degustação.

No intervalo da reunião  Paul Chepsoy  e Olivier Ogembo  estudam o mapa do Brasil (Foto Rosa Acevedo)

No intervalo da reunião Paul Chepsoy e Olivier Ogembo estudam o mapa do Brasil (Foto Rosa Acevedo)

O grupo na frente da Escola de Educação Fundamental em Itancoã  (Foto Rosa Acevedo)

O grupo na frente da Escola de Educação Fundamental em Itancoã (Foto Rosa Acevedo)

Desmond, Paul e Olivier degustam o açaí  com tapioca no quintal da casa da professora Antonia Lúcia Nascimento Holles e do senhor José Maria Alves Monteiro (Zeca).

Desmond, Paul e Olivier degustam o açaí com tapioca no quintal da casa da professora Antonia Lúcia Nascimento Holles e do senhor José Maria Alves Monteiro (Zeca).

Na reunião  realizada no Terreiro da Mãe  Nangetu  o grupo de visitantes recebeu o convite para assistir à Festa Kukuana,  em honra do Senhor  da Terra,  realizada no Terreiro  Mandu Ndianca Mox,  Mansubandu Keke, localizado na rua Cesário Alvim.   Algumas fotos  feitas por  Desmond Tutu  e Hilary Ogina captando os momentos dessa comemoração.

A Festa Kukuana tem um segundo ritual  a oferenda dos alimentos,  que representa a abundância e a refeição coletiva.  Os alimentos são servidos em folhas.  Na foto Desmond, Olivier  e Paul são servidos e consomem os alimentos.  (Foto Hilary Ogina)

A Festa Kukuana tem um segundo ritual a oferenda dos alimentos, que representa a abundância e a refeição coletiva. Os alimentos são servidos em folhas. Na foto Desmond, Olivier e Paul são servidos e consomem os alimentos. (Foto Hilary Ogina)

Os presentes são convidados a dançar.  (Foto Desmond Tutu)

Os presentes são convidados a dançar. (Foto Desmond Tutu)

A programação do quarto dia  foi  executada no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos  da Universidade Federal do Pará.  Tratava-se  de uma sessão aberta ao público e que teve a acolhida entusiasta da  Casa Brasil África  de Cooperação Internacional e do Grupo de Estudos Afro Amazônicos.   A MALUNGU  se fez presente  assim como membros do Quilombo de Abacatal, mais os pesquisadores do PNCSA.   Neste evento   o prof.  Hilton Pereira informou das atividades da Casa Brasil-África e demonstrou interesse em estreitar relações com o Quênia,  que abriria possibilidades de cooperação com um pais da África Oriental.  As trocas de informações sobre as universidades  – Federal do Pará e de Nairobi foram  interessantes.  A Universidade de Nairobi  com mais de 70.000 mil estudantes é uma das maiores e melhores do continente africano.  Ela duplica o número de estudantes  da UFPA. No final da manhã  foi visitado o Instituto de Ciências Jurídicas  e  no Vadião, a Exposição sobre o Jornal Beira do Rio, em exibição nesse espaço.

                Na sala 210  do NAEA/UFPA  se realizou a reunião com a equipe de pesquisadores  do PNCSA  que expuseram os trabalhos mais recentes do Projeto no Estado do Pará.  Solange Gayoso  apresentou a cartografia social na região do Baixo Amazonas,  em articulação com pesquisadores da UFOPA  e o movimento indígena e de trabalhadores rurais.   Rosa Acevedo destacou a cartografia social realizada na região Sudeste do Pará, que também tem articulação com a UNIFESSPA.  Eliana Teles  descreveu as atividades da cartografia social no arquipélago de Marajó e, finalmente,  Thiago Alan  Sabino  informou  sobre a cartografia social no Estado do Amapá.    Ao longo das exposiçoes  ressaltou-se  a situacionalidade da cartografia social e  sua capacidade de acompanhar as dinamicas sociais, políticas e ambientais e as formas como os povos e comunidades tradicionais são envolvidos e atingidos por elas.

Grupo reunido  no Auditório do NAEA.  (foto Thiago Sabino)

Grupo reunido no Auditório do NAEA. (foto Thiago Sabino)

Na foto  - de esquerda para direita,  Desmond  Tutu,  Hilton Pereira da Silva,  Paul Chepsoy, Hilary Ogina,  Rosane Maia,  Olivier  Ogembo  e  Erica (de Abacatal)       (foto Rosa Acevedo)

Na foto – de esquerda para direita, Desmond Tutu, Hilton Pereira da Silva, Paul Chepsoy, Hilary Ogina, Rosane Maia, Olivier Ogembo e Erica (de Abacatal) (foto Rosa Acevedo)

Solange  Gayoso  apresenta os produtos da pesquisa  realizada na região do rio Tapajos.  (foto Rosa Acevedo)

Solange Gayoso apresenta os produtos da pesquisa realizada na região do rio Tapajos. (foto Rosa Acevedo)

Na foto  capta-se a intervenção de Hilary Ogina.   Ao seu lado direita  está o prof.  Hisakhana Corbin  que colaborou na tradução desta sessão de trabalho. (Foto Rosa Acevedo)

Na foto capta-se a intervenção de Hilary Ogina. Ao seu lado esquerdo está o prof. Hisakhana Corbin que colaborou na tradução desta sessão de trabalho. (Foto Rosa Acevedo)

Debate sobre a cartografia social realizada na região do rio Tapajos.  (foto Thiago Sabino)

Debate sobre a cartografia social realizada na região do rio Tapajos. (foto Thiago Sabino)

Rosa Acevedo  apresenta o Caderno Nº 10  Atingidos pela Hidrelétrica de Tucurui.  (Foto Thiago Sabino)

Rosa Acevedo apresenta o Caderno Nº 10 Atingidos pela Hidrelétrica de Tucurui. (Foto Thiago Sabino)

Nos quatro dias de trabalho houve uma aprendizagem sobre situações sociais dos povos tradicionais em Quênia e Amazônia e se manifestou o interesse  de  aprofundar o intercambio de conhecimentos sobre essas realidades sociais.

 

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