Nova Cartografia Social Da Amazônia

Lançamento do Boletim Informativo “Ribeirinhos da Ilha do Capim frente aos grandes empreendimentos no Baixo Tocantins” dia 15 de Julho


Foi realizado no dia 15 de julho de 2017 no Centro Comunitário PAE Santo Antônio II, Ilha do Capim, o lançamento do Boletim Informativo “Cartografia da Cartografia Social: Ribeirinhos da Ilha do Capim frente aos grandes empreendimentos no Baixo Tocantins”, no município de Abaetetuba no Pará. O boletim é resultado de trabalho conjunto entre pesquisadores do PNCSA, núcleo Pará, Associação de ribeirinhos e pescadores da Ilha do Capim e UFPA, através de professores e estudantes do curso Educação do Campo, campus Abaetetuba.

Os Pescadores Artesanais e a Associação Agroextrativista PAE Santo Antônio II reivindicaram a construção do mapa de localização dos recursos naturais afetados pelos grandes empreendimentos de logística localizados em cercanias da ilha. O mapa produzido pelo Projeto Cartografia Social, em parceria com os pescadores, identifica 31 pesqueiros ameaçados pelos impactos dos empreendimentos. Ainda colaboraram Alex Azevedo Costa, Wendel Azevedo, Manoel da Vera Cruz, na tomada de pontos de GPS na baía do Capim, parte da baía do Marajó e Furo do Capim.

Estiveram presentes na solenidade moradores da Ilha do Capim, Domingos Assunção representando a Associação Extrativista Projeto AgroExtrativista-PAE Santo Antônio II, Manoel José Azevedo representando os pescadores artesanais, Rosangela Rodrigues representando a Colônia de Pescadores, Antônio Nazaré representando a Pastoral Social Paroquial, Lairson Santos representando a escola Padre Pio e a comunidade Santo Antônio, Celeste Marques representando a comunidade São Pedro; pesquisadores do PNCSA, Eliana Teles e Thiago Alan Sabino; Lorena P. Cruz, Gracilene Pantoja, Rafael Quaresma e Renato Carvalho representando a FADECAM/UFPA; o Professor William de Assis, coordenador do programa de Pós-Graduação Agriculturas Amazônicas (PPGAA) e curso de Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável (MAFDS), com estudantes do referido Programa; Dadiberto Pereira Azevedo, estudante de mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais-MESPT/UNB e o senhor Amir Azevedo, que coordenou a programação.

Domingos Assunção, presidente da Associação Extrativista Projeto AgroExtrativista-PAE Santo Antônio II destaca a importância de uma autocartografia, em que são os próprios ribeirinhos que falam de seu território.

A senhora Celeste Rodrigues e o senhor Amir Azevedo destacam a importância do Boletim Informativo para fazer a resistência frente aos impactos dos grandes empreendimentos locais.

Durante o evento foi entregue o mapa com a identificação e localização dos pesqueiros. O senhor Amir Azevedo destacou:

“(…) Nós não fazemos a resistência por resistência, nós fazemos a resistência com inteligência também, pensando numa perspectiva mais à frente, e uma delas é a educação. E nós temos que nos apropriar e não esperar que o cidadão de gravata fique dominando. (…) Nós pertencemos não só a uma terra de várzea, uma terra seca, terra firme, mas nós pertencemos sim, enquanto morador ribeirinho, a cada um pesqueiro desses. Então, senhoras e senhores aqui presentes, nós não vivemos só em terra, a gente vive no mar. Principalmente os nossos pescadores que fazem parte dessa vida. A dispensa do pescador está lá no mar. Ele fica na agricultura, no extrativismo da plantação do açaí até dez horas, depois disso, ele vai lá fora buscar seu alimento. Geralmente ele traz um, dois três, não mais que isso, para a sobrevivência daquele dia.”(Amir Azevedo)

O pesquisador Thiago Alan explica o processo de elaboração do mapa a partir dos croquis produzidos pelos moradores e aponta os desafios dos ilhéus frente aos megaempreendimentos logísticos previstos para o descarregamento de grãos e minérios no local.

O senhor Carlos Pereira, aponta no mapa os pesqueiros e os riscos de desaparecimento destes, a partir das obras previstas pelo planejamento do estado do Pará; destaca as irregularidades das empresas e do Estado que não levam em conta a legislação quanto ao direito de consulta dos povos locais, cujos territórios estão sendo ameaçados e acrescenta: “Disseram lá no ministério da agricultura que do baixo Amazonas até aqui nessa costa é o maior produtor de pesca artesanal do Brasil (…), mas aqui, a partir que entrar a rodovia, a ferrovia e a hidrovia, esses territórios de pesca vão desaparecer. São os nossos direitos que vão desaparecer. ”

Professor William de Assis (PPGAA/MAFDS/UFPA)

Lideranças e representantes das associações analisam o mapa e conteúdo do Boletim Informativo durante o evento.

 

Eliana Teles (PPGCITI/FADECAM/PNCSA/UFPA)

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