Nos dias 22 e 23 de junho de 2013 foram realizados dialogos e reconhecimentos de pesquisa em dois quilombos do Estado do Amapá1com interesse para a orientação de trabalhos de cartografia entre os quilombolas do Amapá.
No trecho da BR 156, que se estende de Macapá até Oiapoque foram feitas observações pontuais sobre várias comunidades quilombolas, proximas dessa capital. A Sra. Joelma Menezes Ester ressaltou a situação da comunidade quilombola Ilha Redonda no qual foi instalada a usina de lixo da cidade, a altura do KM 13. Outros detalhes apontados por esta liderança foram as linhas de transmissão da hidrelétrica de Paredão e das que agora são instaladas do Linhão de Tucurui, elas correm paralelamente. Nesta direção, também estão instalados os trilhos da ferrovia que transporta o minério de manganês da Serra do Navio e Pedra Branca.
A programação iniciou com reconhecimento e georreferenciamento do rio Matapi, distante 4 km do ‘centro’ do povoado. Em seguida, tivemos o almoço na casa da senhora Maria Geralda Ester. Na sede da AMCRO estiveram presentes adultos e crianças que assistiram a exposição sobre o Projeto Nova Cartografia Social e o Projeto ” Mapeamento Social como Instrumento de Gestão territorial contra o Desmatamento e a Devastação: Procesos de Capacitação de Povos e Comunidades Tradicionais (UEA/INCS/BNDES/FUNDO AMAZONIA).
Os presentes fizeram diversas perguntas e manifestaram interesse na cartografia social, ao mesmo tempo, que apontaram as ameaças do passado e do presente. Duas foram notabilizadas – a da AMCEL, empresa criada pela ICOMI com projetos de silvicutura (plantio de eucaliptus) com a que disputaram e reverteram um processo de expropriação ; a da propria ICOMI quando definiu locais para depositar resíduos do manganês explorado na Serra do Navio, ao termo da exploração intensiva desse minerio. Igualmente, eles impediram este crime ambiental. Do ano passado fizeram a narrativa de um conflito com um agente que utilizou o expediente Programa Terra Legal e passou a construir casas e instalar famílias no território quilombola, no ano passado.
Desta reunião, apresentam-se as possibilidades do trabalho de Cartografia Social, em exame pela Coordenação do PNCSA. A primeira, realizar uma oficina de mapas no Quilombo do Rosa. A segunda, desenvolver trabalho de campo e oficinas na comunidade Ilha Redonda com vistas a elaborar um dossiê dentro do debate do “racismo ambiental” por representar uma situação social em que o ambiente dos povos e comunidades tradicionais é alvo de decisões, tal como a instalação da Usina de Lixo, que põe em perigo a existência social e cultural pela destruição, deterioração, contaminação do seu espaço social.
Fotografia do rio Matapi, limite do quilombo do Rosa. A fauna do rio está em redução e os quilombolas conferem sinais de contaminação pelo lixo jogado em vários pontos do rio. Na foto registram-se algumas propriedades privadas situadas á margem esquerda do rio Matapi.
1 No dia 22 de junho de 2013, a reunião no Quilombo do Rosa foi facilitada pela Sra. Joelma Menezes Ester – FAOR e Associação dos Moradores da Comunidade do Rosa – AMCRO. Acompanharam esta atividade a Sra. Marluce (IMENA), Sr. Egidio Araújo (SEAFRO), Alessandra (IMENA), Rosa Acevedo (PNCSA) e a jovem Sara. A visita ao quilombo de Curiaú ocorreu no dia 24 de junho.
Os presentes observam mapas e fasciculos produzidos pelo PNCSA
Fotos da reunião no Quilombo do Rosa, na sede da AMCRO
Escola José Bonifácio no Quilombo de Curiaú
A Escola José Bonifacio no quilombo de Curiaú produz práticas pedagógicas e políticas refletidas no sentido da construção de uma “escola de um quilombo” e isto é o diferencial de esta Escola no qual o fator étnico (Almeida, 2009) é incorporado. Nela as crianças aprendem a fazer hortas, aprendem música e dança de Marabaixo. Existe a Orquestra Quilombola e é disponibilizada a sala de multimídias, quadras de esportes para todo o povoado, durante toda a semana.
Horta da Escola José Bonifácio (Curiau). Na foto a profa. Rosa Elanha Costa Ramos, diretora.
Pinturas na parede do corredor da Escola José Bonifácio.
Grupo de crianças da Orquestra Quilombola (Foto 24/06/2013)
Ensaio de Marabaixo na Escola José Bonifácio.